terça-feira, 31 de maio de 2011

Passagem

Os sentimentos são como cães vadios,
vagueiam com uma inconstância quase constante,
nada seguram nem guardam,
passam e transformam-se
como as cidades que mudam de lugar entre a ida e o regresso.
Cada dia é o mesmo dia,
bom e mau,
como o passado e o presente que muda cada pétala,
sem dor, entre nascer e morrer.
Olho-me ao espelho,
com o mesmo olhar que os anos deixam,
e nas rugas e nos traços maduros,
denuncio as diferenças que me trazem igual de memórias pintado,
O bom e o mau, são o mesmo sim e o mesmo não.
Há gente má que hoje é boa,
e são os mesmos,
os sorrisos e os choros que caem dos nossos dias a dois,
são água da mesma fonte.
A felicidade dos poderosos é a infelicidade de quem cai do pedestal,
como o velho e o novo, sempre o mesmo homem.
Somente a ilusão do tempo nos diz que tudo é igual.
Tenho este fato vestido há tempo de mais,
e o passado abraça-me como se o presente não me quisesse,
sinto meu corpo sendo arrancado bocado a bocado.
O meu mundo é do tamanho do meu viver,
e o meu viver é a sombra de todo o universo.
E nos tons das cores que me cercam,
apenas a ilusão do tempo me separa deste entendimento,
de que todas as estradas têm sentidos,
e que para cada colina há o sacrifício da subida
e o conforto da descida.
Afinal só estou de passagem.

extraído de: http://josibi.blogspot.com/

imagem extraída de: http://italorthomaz.blogspot.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário